Diocese de Anápolis

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Consagrados e enviados – 25 anos da Nova Aliança

Anápolis, 24/01/2016.

(1 Cor, 12,12-30; Lc, 1,1-4)

Irmãos e Irmãs.        

A Palavra de Deus, hoje, é rica e expressiva – um claro espelho da Igreja.

Na Carta de São Paulo aos Coríntios, numa comparação dinâmica, São Paulo traça o perfil da comunidade dos discípulos de Jesus Cristo: fieis na resposta individual, formando uma só totalidade. “Todos nós, fomos batizados num único Espírito para formarmos um único corpo, e todos nós bebemos de um único Espírito. Se o pé disser: ‘Eu não sou mão, portanto não pertenço ao corpo, nem por isso deixa de pertencer ao corpo… De fato, Deus dispôs os membros, e cada um deles no corpo, como quis”. Da saúde de cada membro depende a saúde do corpo inteiro; cada um concorre para bem do conjunto.

É bonita esta comparação. Isto é a Igreja: unidade na diversidade, para cumprir o mesmo fim e realizar o desígnio de Deus. Isto é povo de Deus, que caminha bebendo da única fonte do Espírito Santo: muitos, olhando na mesma direção.

A diversidade na Igreja é para formar uma unidade consistente e eficiente. Portanto, cada um dos discípulos de Jesus é o consagrado e enviado; discípulo missionário. É consagrado, porque adquirido por Deus pela força transformadora do Batismo, para realizar a sua própria salvação e a santificação. Somos de Deus, sua propriedade, seus filhos muito amados, objeto da predileção e da eleição. Ele nos quis para si e para nossa felicidade. Viver isto é reconhecer a vocação e decidir-se a vivê-la colocando em ação suas capacidades, sua vontade, suas preferências e suas decisões, habilidades naturais, que na perspectiva cristã assumem uma nova conotação que vai além de uma qualidade natural. Assim somos felizes. Assim somos realizados. Assim nos santificamos e conquistamos a nossa salvação.

O pluralismo e a diversidade é algo normal para formar uma e única Igreja de Jesus Cristo. Colocamos à sua disposição, como num depósito comum, a nossa identidade humana e cristã para que a Igreja possa realizar a sua vocação: ser testemunha e portadora, na história, do dom da salvação oferecida gratuitamente a todos.

Disto derivam algumas conclusões práticas, benefícios e riscos.

Para ser úteis para a Igreja, é preciso ser autêntico na vivência do Batismo e aberto à comunidade. O individualismo ou o “santo egoísmo” pode facilmente causar divisão e destruição. Pode ser como que a célula cancerosa, que provém do corpo, está no corpo, mas não concorre para a saúde do corpo. De fato, na raiz de todas as divisões de que sofreu e sofre a Igreja está o individualismo elevado ao nível de um “dogma pessoal”, uma percepção humana sobreposta à verdade divina e o ensinamento da Igreja. Para a diversidade se tornar benéfica e fecunda, é preciso que sejamos humildes, renunciar a nós mesmos, engajados para contribuir e mostrar o rosto da unidade. Antigamente, como nos tempos atuais, existiam e existem riscos e perigos da diversidade negativa. Distingui-la da diversidade construtiva nem sempre é fácil. Existe o perigo de não servir a Igreja, mas de servir-se da Igreja. Aí está o critério da avaliação: servir ou servir-se.

O Concilio Vaticano II, cujo cinquentenário acabamos de celebrar no ano passado, fala desta unidade batismal e da diversidade de modos de servir a Igreja. Chama-se isso de carismas, dons individuais suscitados pelo Espírito Santo, para o bem comum; diversas formas de agir do Espírito Santo em cada um dos batizados, são braços estendidos em diversas direções, indo ao encontro das situações e desafios, para realizar em plenitude o objetivo da Igreja imposto pelo Divino Fundador – Jesus. Recentemente, o Papa Francisco falou que todos os carismas são importantes aos olhos de Deus e ninguém é insubstituível; isto quer dizer que, na comunidade cristã, precisamos uns dos outros e cada dom recebido só se realiza plenamente quando é partilhado com os irmãos para o bem de todos. “Quando a Igreja se expressa em comunhão, não pode errar”. E continua dizendo que ainda hoje a tarefa dos pastores da Igreja é reconhecer e acolher novos dons e carismas que o Espírito Santo suscita no corpo da Igreja. A mais bela experiência é descobrir a diversidade e a multiplicidade de carismas na Igreja, pois todos são um dom do Pai à comunidade para que esta cresça harmoniosamente como um só corpo: o corpo de Cristo. “Ai de nós se fizermos de tais dons motivo de inveja ou de divisão!”, advertiu o Papa Francisco.

Nesta perspectiva, estamos celebrando o Jubileu dos 25 anos da fundação da Comunidade Católica Nova Aliança. Ela nasceu do dinamismo de novos carismas que o Espírito Santo suscitou nos tempos atuais, para corresponder às novas condições de vida, novas culturas, novas necessidades de evangelização. Os 25 anos da existência é o tempo em que a autenticidade do carisma é submetida aos critérios da veracidade. Um tempo adequado para dizer: nisto está a vontade de Deus, nisto está o caminho da santificação na consagração, nisto está a utilidade do grupo para a Igreja.

         Várias vezes usamos a expressão “para o bem da Igreja”, “utilidade para a Igreja”. Estas expressões nos transportam, além da santificação dos membros, para a dimensão missionária. É um tema do qual a Igreja de hoje fala com muita ênfase: discípulos missionários.

         A Comunidade Católica Nova Aliança surgiu com a finalidade de evangelizar. Tem suas casas de missão em tantas dioceses. A presença aqui de numerosos bispos expressa este engajamento e o reconhecimento das Igrejas Particulares do trabalho realizado pelos homens e mulheres consagrados na nova modalidade de viver os Conselhos Evangélicos.

         Mas, e de modo especial, quero me referir aos novos horizontes missionários. Temos entre nós o Dom Pedro Zilli, bispo da Diocese de Bafatá, na Guiné Bissau, na África. Esta presença é vinculada ao projeto de colaboração missionária que a Dioceses de Anápolis, às vésperas do seu Jubileu de Ouro, se propõe por meio da corajosa iniciativa da Comunidade Nova Aliança. As nossas paróquias, os numerosos leigos e consagrados, os benfeitores abraçaram esta causa. A comunhão dos bispos de Anápolis e de Bafatá dá o aval necessário a este projeto. Deus permita que, se for da sua vontade, este projeto, mesmo entre cruzes e desafios imprevisíveis, possa crescer para o bem do povo irmão na Guiné Bissau.

         Caríssimos irmãos, hoje é dia de júbilo e de ação de graças. A Igreja olha para nós e coloca a sua esperança. Disto temos o sinal na indulgência do Ano Jubilar e na bênção apostólica que o Papa Francisco concede aos que aderirem ao caminho proposto pela Nova Aliança, pelo trabalho espiritual e evangelizador oferecido pelos membros, na maioria jovens, da Comunidade.

Coragem! As águas são profundas. Não tenham medo. Lancem, com gesto largo e generoso, as redes, para uma pesca abundante! Não desistam, apesar das possíveis tempestades e turbulências, das cruzes que o apostolado exige para levar ao triunfo da vida nova, fruto da força da Ressurreição.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Dom João Wilk, OFMConv.
Bispo de Anápolis.

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