“Eu sou o bom Pastor” (Jo 10,11). Como nos pastoreia, atualmente, o Bom Pastor? Através de sua Doutrina Salvadora (Fé), da celebração dos Mistérios (Sacramentos) e através dos seus servos, os sacerdotes da Igreja (Hierarquia). Na Santa Missa, o Bom Pastor cuida de nós oferecendo-nos duas mesas para que nos alimentemos, a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia.
Talvez ajude a entender essa afirmação um ex-pastor protestante: Scott Hann, convertido à Igreja Católica, que nos conta como foi a sua primeira missa: “Ali estava eu, incógnito, um ministro protestante à paisana, esgueirando-me nos fundos de uma capela em Milwaukee para participar pela primeira vez da missa. A curiosidade me arrastara até lá e eu ainda não tinha certeza de que fosse uma curiosidade saudável. Ao estudar os escritos dos primeiros cristãos, encontrei inúmeras referências à “liturgia”, à “Eucaristia”, ao “sacrifício”. (…) Eu queria entender os cristãos primeiros, mas não tinha nenhuma experiência de liturgia. Por isso, persuadi a mim mesmo a ir ver, como uma espécie de exercício acadêmico, mas jurando o tempo todo que não ia me ajoelhar nem participar da idolatria. (…) Então o sino tocou e todos se levantaram quando o padre surgiu de uma porta ao lado do altar (…), permaneci sentado. Durante anos como calvinista evangélico, fui instruído para acreditar que a missa era o maior sacrilégio que alguém poderia cometer. (…) Entretanto, à medida que a missa prosseguia, alguma coisa me tocou.
A Bíblia não estava só ao meu lado. Estava diante de mim – nas palavras da missa! Um versículo era de Isaías, outro dos Salmos, outro de Paulo. A experiência era prodigiosa. Eu queria interromper tudo e gritar: “Ei! Eu posso explicar o que está acontecendo a partir das Escrituras? Isso é maravilhoso!” Não obstante, mantive minha posição de espectador, à parte, até que ouvi o sacerdote pronunciar as palavras da consagração: “Isto é o meu corpo… Este é o cálice do meu sangue”. Então senti todas as minhas dúvidas se esvaírem. Quando vi o sacerdote elevar aquela hóstia branca, percebi que uma prece subia de meu coração em um sussurro: “Meu Senhor e meu Deus. Sois realmente vós!”
A partir daquele ponto, fiquei, por assim dizer, tolhido. Não imaginava uma emoção maior que a que aquelas palavras provocaram em mim. Porém, a experiência intensificou-se um momento depois, quando ouvi a congregação repetir: “Cordeiro de Deus… Cordeiro de Deus… Cordeiro de Deus…” e o sacerdote responder: “Eis o Cordeiro de Deus…”, enquanto elevava a hóstia.(…) Voltei à missa no dia seguinte e no outro dia e no outro. Cada vez que voltava, eu “descobria” mais passagens das Escrituras consumadas diante dos meus olhos.” (Scott Hahn, O banquete do Cordeiro, São Paulo: Loyola, 14ª ed., 2012, p.21-22).
Jesus nos pastoreia, nos alimenta em cada Santa Missa, na mesa da Palavra e na mesa do Banquete Sacrifical.
Pe. Dr. Françoá Costa