A liturgia, especialmente a Santa Missa, não é e não pode ser um ato de culto desconectado da nossa vida. Jesus nos disse: “Meu Pai trabalha até agora e eu também trabalho” (Jo 5,17). Sem dúvida alguma, parte do trabalho do Pai e do Filho e do Espírito Santo é fazer para nós a atualização dos sagrados mistérios de nossa salvação através de nossas celebrações eucarísticas. Nesse sentido, a Santa Missa é também um trabalho! E, se como dizia S. Josemaria Escrivá, o nosso dia deve ser uma missa de 24 horas, então devemos trabalhar continuamente. Por outro lado, o nosso trabalho bem poderia ser a continuidade da santa missa que nós participamos.
Corria a década dos anos 20 do século passado. Em 1928, no mês de outubro, um pequeno grupo de sacerdotes fazia o seu retiro espiritual. No dia 2 daquele mês aconteceu algo discreto e silencioso, como o crescimento do grão de mostarda (cf. Mc 4,30-32): o Senhor mostrou ao Pe. Josemaria Escrivá, um sacerdote diocesano, que todos podem e devem ser santos e que o eixo ao redor do qual giraria essa santidade seria o próprio trabalho profissional. No dia 6 de outubro de 2002, João Paulo II, canonizava solenemente esse homem que tinha vivido heroicamente esse caminho de santidade no meio do mundo. A canonização do Fundador do Opus Dei foi, em certo sentido, o selo que a Igreja colocou sobre uma vida que se santificou através do trabalho profissional, em concreto no seu ministério sacerdotal, e que ensinou homens e mulheres de todas as profissões a fazerem o mesmo. Hoje em dia, pessoas dos mais diversos estados e profissões seguem Jesus através dessa luz que Deus concedeu a S. Josemaria Escrivá.
São Bento dizia: ora et labora! Reze na Santa Missa e faça também do seu trabalho uma oração. Como? Em primeiro lugar, oferecendo a Deus o próprio trabalho profissional, especialmente ao chegarmos para participar da santa missa; durante a celebração do santo sacrifício, unamo-nos piedosamente e em espírito de adoração à ação sagrada que o sacerdote realiza sobre o Altar; durante a santa comunhão, agradeçamos ao Senhor pelo trabalho que nós temos e peçamos-lhe que o abençoe; terminada a celebração eucarística, levemos o Senhor conosco, em nosso coração e deixemos que ele esteja conosco durante todo o dia, nosso trabalho. Então, é só fazer as coisas com a máxima perfeição possível, e sempre que nos lembrarmos, façamos alguma pequena oração pessoal, uma jaculatória, uma pequena frase de amor ao Senhor que nos mantenha atentos ao seu querer no cotidiano da nossa existência.
Pe. Dr. Françoá Costa