Diocese de Anápolis

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A dignidade da festa litúrgica

“O Senhor ressuscitou verdadeiramente” (Lc 24,34) e o celebramos de maneira especial no seu Dia, o Domingo. Contudo, cristãos indolentes e tíbios sempre existiram. Os Padres do século IV lamentavam-se de que alguns cristãos se ausentavam da missa dominical para dedicar-se aos negócios ou ao circo ou ao teatro, e insistiam no grave perigo de condenação que se expõe quem falta à Eucaristia. Pouco a pouco foi-se vendo a obrigação moral de participar na Eucaristia até que o Concílio de Agde (506) promulgou a primeira lei eclesiástica sobre a obrigação grave de participar na missa dominical.

O Dia do Senhor é também o dia da alegria. Esta alegria brota do Mistério Pascal e do fato de estarmos objetivamente salvos e destinados à glória feliz, ainda que subjetivamente, precisemos tomar posse da salvação. Dizia a Didascalia et contitutiones Apostolorum que “quem não está alegre no domingo, comete pecado”. Santo Agostinho explicava: “todos os domingos oramos de pé, como sinal da ressurreição”. Manifestações dessa alegria? Participar na Santa Missa; viver com mais intensidade a filiação divina; recuperar, se for o caso, a graça (no Sacramento da Confissão); entregar-se, generosa e sacrificadamente, aos demais, ao descanso e às diversões sadias; dar tom festivo à jornada.

A solenidade da celebração, indubitavelmente, também deve estar acorde com a alegria do Dia do Senhor. Não se deveria celebrar a Eucaristia Dominical (ou Santa Missa) com a mesma simplicidade com que se celebra durante os outros dias da semana. Dizia Ioseph Ratzinger que “celebrar a Ceia do Senhor significa por essência uma festa, e com a festa combina a beleza festiva”, dizia ainda: “não é certamente triunfalismo a solenidade do culto com a qual a Igreja exprime a beleza de Deus, a alegria da fé, a vitória da verdade e da luz sobre o erro e as trevas”. A liturgia acontece através de sinais sensíveis. A palavra “sensíveis” refere-se a sentidos, aos nossos sentidos. Os mistérios de Deus chegam até nós através de sinais sensíveis, através, portanto, dos nossos sentidos: visão, olfato, audição, tato, paladar. A liturgia deve entrar pelos nossos sentidos e nos introduz em algo que está mais além dos sentidos corpóreos, ela nos introduz no céu e traz o céu até nós. Nesse contexto, se entende, a nobre simplicidade das vestes litúrgicas, o cheio do incenso, a rijeza dos castiçais, o esplendor do canto e o cuidado externo que os fiéis procuram ter em seu próprio vestuário. Antigamente, o povo tinha até mesmo uma roupa, a mais bonita, para ir à missa dominical. Hoje em dia, seria importante ressaltar: beleza e pudor! Elegância e modéstia! O Domingo é também o nosso dia!

Pe. Dr. Françoá Costa

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