Diocese de Anápolis

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Homilia na festa de Sant’Ana – 2008

Paróquia Sant’Ana, Anápolis, 26/07/2008

Deus é o Senhor da história. Na sua infinita bondade não cessa de vir ao encontro dos seus amados. Mesmo depois da desobediência de Adão e Eva, pela qual a humanidade se afastou de Deus, Deus continua oferecendo o seu amor, pois sabe que a criatura, fruto do seu infinito amor, só alcançara a felicidade, quando estiver em comunhão com o seu Criador.

Depois do plano da criação, atingido pelas destruidoras consequências do pecado original, Deus, como expressão do seu amor imutável, realiza o plano da Salvação. Para a sua realização serve-se de homens e mulheres por Ele escolhidos e a Ele entregues de corpo e alma. Assim, até à plenitude dos tempos, quando precisou do seu próprio Filho, Deus feito homem, para a plena realização da História da Salvação.

Celebramos hoje a festa litúrgica dos eminentes colaboradores desse plano da Salvação, São Joaquim e Sant’Ana, avós do próprio Salvador. E neste momento, de modo especial, olhamos para a figura de Sant’Ana, Padroeira da Paróquia, da Diocese e da cidade de Anápolis. Padroeira também do Estado de Goiás.

Que a mensagem a Igreja quer nos transmitir, celebrando a festa de São Joaquim e Sant’Ana?

1. Em primeiro lugar, quer nos falar da bondade e da providência divinas. Deus, ontem e hoje, é o Deus de amor, inclinado paternalmente sobre a realidade do mundo e de cada um de nós. Na época atual, marcada pelo distanciamento dos valores sobrenaturais, religiosos e espirituais, é de importância primordial aceitar o anuncio desta mensagem. Os tempos passam, mas não muda a essência da verdade. Somos convidados a descobrir e viver os valores superiores, voltados para um horizonte último e definitivo da nossa vida, considerando a vida atual não como algo absoluto e definitivo, mas como uma espécie de escada que nos leva cada vez mais à perfeição, à realização e à felicidade verdadeira. Deus não pode ser considerado como um concorrente ou uma ameaça da nossa felicidade. Os seus preceitos não são um peso sem sentido, mas um dom e uma amorosa orientação da nossa vida. Com o Salmista queremos dizer a nós e aos outros: “É esta a parte que escolhi por minha herança: observar vossas palavras, ó Senhor! A lei de vossa boca, para mim, vale mais do que milhões em ouro e prata” (Sl 118).

Este horizonte sobrenatural deve ser apresentado, em primeiro lugar, aos nossos jovens. A recém realizada Jornada Mundial da Juventude, o encontro mundial dos jovens com o Santo padre, trouxe-nos a confirmação de quanto é importante anunciar Cristo e os seus ensinamentos principalmente aos jovens. Sensíveis e abertos aos ideais, merecem conhecer o ideal de suas vidas por excelência, que é Jesus e o Seu Reino; construir o projeto das suas vidas segundo os ditames da verdade divina.

2. A segunda mensagem que queremos considerar, é o valor da Palavra de Deus na vida da Igreja e na nossa espiritualidade. A arte representa Sant’Ana como digna senhora, sentada, com Livro Sagrado nas mãos. Ao seu lado, de pé, a Menina Maria, em pose de quem aprende atentamente as lições da sua mãe.

No conhecimento e na meditação orante da Palavra de Deus, qual fonte inesgotável, juntas, a Mãe e a Filha, hauriram o temor de Deus e a sabedoria da vida. Deste modo, a confiança e a dócil generosidade frente aos planos de Deus tornaram-se mais fáceis.

Na vida do cristão também, a Palavra de Deus há de ser o espaço privilegiado do encontro com Deus. Precisamos conhecer a Palavra. Com ela aprender a doutrina da fé. Por ela orientar a nossa consciência e os nossos atos.

3.  A festa de São Joaquim e de Sant’Ana é também o Dia dos Avós. Voltamo-nos, mais uma vez, à família. Os santos avós são protetores exemplares e silenciosos das famílias cristãs. É a festa da nossa gratidão, alegre e carinhosa, que desperta em nós ternura e emoção. Quantas coisas devemos aos nossos avós! A figura dos avós, é singular nas nossas famílias: eles são ricos em sabedoria, mestres da vida e testemunhas admiráveis. Eles são um fator de integração da vida familiar. Apenas com a simples presença sustentam e favorecem um clima de afetividade, de carinho e de compreensão, e com o seu equilíbrio emocional permitem obter a maturidade na formação dos seus netos. Apesar de que em alguns ambientes tende-se a considerar os avós como pessoas incômodos ou de segunda categoria, é preciso recordar que é próprio de uma civilização plenamente humana e cristã, respeitar, amar, e valorizar os avós, já que eles, apesar da perda progressiva das sua forças, são parte viva da família e da sociedade.

4. Inerente a esta festa religiosa da Padroeira celebramos o aniversário da emancipação da cidade de Anápolis. A emancipação, expressão de crescimento e amadurecimento da sociedade, nos reporta à sua própria fundação. Queremos, com gratidão a Deus por todo bem que esta cidade viveu em seus mais de cem anos, reconhecer e afirmar o fato de que a raiz desta cidade é inseparavelmente unida aos valores religiosos. Como não lembrar, diante desta circunstância, as palavras da Sagrada Escritura: “Em vão trabalham os construtores se o Senhor não edificar a cidade”. De fato, muitos bons construtores e construtoras trabalharam aqui com competência, sabedoria e dedicação. E o Senhor abençoou os esforços. Se hoje temos uma cidade próspera e amadurecida, povo pacífico e respeitoso, foi graças a esta vertente de religiosidade que nunca se separou dos rumos desta cidade.

Deus abençoe abundantemente o presente e o futuro de Anápolis. A sua Padroeira, Senhora Sant’Ana, continue intercedendo, suplicando paz e prosperidade para seus habitantes.

Dom João Wilk, OFMConv.
Bispo de Anápolis

 

 

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