Diocese de Anápolis

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Cristo é Rei – Ordenação Diaconal – 2008

23/11/2008

Irmãos e Irmãs em Cristo!

1. Jesus é Rei.

Hoje é o último domingo do ano litúrgico. Como que coroando todas as celebrações do ano, a Igreja recorda Jesus Cristo e o adora com o título de Rei. As leituras (Cl 1,12-20) dão a Jesus uma série de títulos, que o mostram como Senhor do Céu e da terra: Filho amado de Deus, redentor, salvador, imagem visível do Deus invisível, primogênito de todas as criaturas, razão de ser de todas as coisas, origem de todo poder e soberania, mantenedor de tudo, princípio de tudo, plenitude de Deus, laço de conciliação entre o céu e a terra.

Todos esses atributos a liturgia sintetiza com o título de Cristo Rei do Universo. Mostra também a nossa participação nesse reinado e indica a nossa missão como súditos e parceiros.

O reinado de Jesus não é deste mundo. Mas, também, não é “de outro mundo”. A sua proposta não se origina da lógica deste mundo, mas é para este mundo. De fato, Cristo quis instaurar a nova ordem na terra a partir de novos princípios, a partir da ótica de Deus.

O mundo que Jesus visitou era cheio de pecados e desgraças. Jesus veio para “tirar o pecado do mundo” (Jo 1, 29) e trazer “graça sobre graça” (Jo 1, 16). Ele veio para vencer a maldade e fazer triunfar o bem: é o rei da bondade. Ele veio para desmascarar a falsidade: é o rei da verdade. Ele veio para derrotar a morte: é o rei da vida. Ele veio para restaurar o homem: é o rei da santidade. Ele veio para refazer o equilíbrio: é o rei da justiça. Ele veio para exterminar o ódio: é o rei do amor. Ele veio para reorganizar o mundo: é o rei da paz.

Isto tudo é a proposta para este mundo. O reinado de Deus começa já aqui, embora de forma imperfeita e incompleta. E nós, seus discípulos e missionários, somos, por meio da nossa fé e do nosso compromisso, construtores desta “nova ordem mundial. “O Reino de Deus está no meio de vós” (Lc 17.21), assim disse Jesus. Ele se referia à sua própria Pessoa, como dom da salvação à humanidade. Mas queria dizer também que já este mundo reflete os traços do Reino definitivo na medida da vivência dos seus valores e princípios pelos seus seguidores. De tal forma, o mundo é como que um grande portal da eternidade.

No Evangelho de hoje fica claro o contraste entre o mundo mau, que zomba de Jesus, que o ridiculariza e insulta. Do outro, o Cristo pacífico e pacificador, que dá amorosamente a vida, pronto a acolher e a santificar.

Quando nós aclamamos o Cristo Jesus como “o dono da glória e do império pelos séculos dos séculos” (Ap 1, 5-6; 1Pd 4, 11) não o fazemos como um fato do passado ou como uma expressão alegórica. A glória e o reinado têm a ver diretamente com cada um de nós, porque o Cristo a ele nos associou, e isso acontece todos os momentos.

2. Veio para servir.

“Eu vim não para ser servido, mas para servir” (Mt 20,28; Mc 10,45). O contraste entre Rei Jesus e os reis deste mundo é evidente e passa por aquilo que Ele mesmo afirmou. É a verdadeira inversão de ordem e de importância. Nós, ao sermos batizados, fomos mergulhados neste Cristo Rei; nos tornamos parte d’Ele como sacerdote, profeta e rei; humildo servidor.

Do batismo nasce a Igreja ministerial, composta pelos batizados, como pedras vivas deste novo templo espiritual que é a Igreja. Servir – é a sua lei, a sua identidade e a sua missão. É a Igreja ministerial.

3. O diaconato – dom de servir.

Ao celebrarmos a presente ordenação diaconal, concentramo-nos precisamente na dimensão serviçal da Igreja. Ser Igreja, é adotar a atitude de servir. O diaconato, com todas as suas atribuições, como nos apresenta o próprio rito da ordenação, é forma de servir.

A Igreja sente isso e procura com sinceridade manter vivo o seu caráter de comunidade servidora. O Documento de Aparecida cita 104 vezes a palavra “servir”. Ela é superada apenas por palavras: “Jesus Cristo, fé, comunidade e discípulos-missionários. A Igreja deseja ser serviçal! E esta é a sua vocação.

A Igreja se coloca no mundo com tantos tipos de serviço:

– serviço da fé e da salvação;
– serviço de verdade – enquanto anuncia a verdade sobre Deus e sobre o homem e destino;
– serviço do bem – a exemplo de seu Mestre se opõe ao mal, em todas as suas formas e manifestações; defende e promove o bem;
– serviço da paz;
– serviço de promoção humana;
– serviço de caridade;
– serviço da Palavra–

É preciso que os homens e mulheres que se dedicam à causa do Evangelho e da Igreja, sejam cada vez mais conscientes da sua vocação para servir. A dignidade e a grandeza, como o próprio Jesus destacou, não está em ser o “primeiro” ou o “mais importante”, mas em se fazer “último para aparecer” e “primeiro para fazer o bem”.

Pelas nossas atitudes as pessoas hão de ler o verdadeiro rosto d’Aquele que nós amamos e seguimos. Para muitos, nós somos o único livro pelo qual conhecerão quem é este nosso Rei.

Ajude-nos a companhia sempre próxima, cheia de compreensão e ternura, de Maria Santíssima. Que ela nos mostre o fruto bendito de seu ventre e nos ensine a responder como fez ela no mistério da anunciação e encarnação. Que nos ensine a sair de nós mesmos no caminho do sacrifício, de amor e serviço, como fez na visita à sua prima Isabel, para que, peregrinos a caminho, cantemos as maravilhas que Deus tem feito em nós, conforme a sua promessa.

+ João Wilk, OFMConv.
Bispo de Anápolis

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